domingo, 27 de dezembro de 2015

Para ti, meu filho

Para ti, meu filho


Quando te beijo
e aperto nos meus braços,
sinto-te ainda pequenino,
para uma mãe o seu filho grande,
é sempre para ela,
o seu menino!
Talvez saibas mais,
do que eu pude aprender,
mas o conselho de uma mãe,
vale mais do que todo o teu saber!
Quando me vires velhinha,
cansada
e a vida a fugir-me lentamente,
dá-me o teu amor,
dá-me o teu sorriso
e ficarei nova de repente!

Momentos frágeis

Momentos frágeis


Choraste porquê?
Talvez o teu egoísmo
Não te deixasse pensar,
Que mesmo ficando,
Sem parte do teu corpo,
Podes andar,
Podes pensar,
Podes sonhar
E até os outros ajudar!
Choraste porquê?
Talvez o teu egoísmo
Não te deixasse pensar
Nos que morrem de fome,
De frio,
Desprezo
E da falta de amor que os consome!
Que as tuas lágrimas,
Levem para sempre,
O teu egoísmo sem par
E sirvam de bálsamo,
Para aqueles,
Que já não têm lágrimas para enxugar!

sábado, 14 de novembro de 2015

Não quero as minhas mágoas

Não quero as minhas mágoas


Neste mar revolto,
que o sol acaricia,
para o acalmar,
lanço as minhas mágoas,
para as destruir,
não mais recordar!
Vão para longe,
para onde as vagas,
as queiram levar...
e lá,
irão diluir-se,
nas águas calmas,
pois se fossem revoltas,
a espumar,
as minhas mágoas,
fariam voltar!

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Abençoada liberdade

Abençoada liberdade


Era uma vez uma menina
nascida numa aldeia serrana,
emoldurada por montanhas agrestes,
onde ainda havia lobo mau
que, esfaimado,
descia ao povoado!
Chapinhava nos charcos de lama
que a chuva transformava
numa piscina deslumbrante
e apanhava flores silvestres
com um perfume inebriante!
Comia amoras das silvas, azedas
e corria por caminhos sem fim
apanhando bugalhos
que lhe serviam de berlinde...
procurava todo o buraquinho
donde, com a ajuda da palhinha,
saía o negro grilinho...
Maravilhosa liberdade,
de felicidade,
que só quem a viveu
lhe dá valor
e recorda com saudade!...
Pensei, pensei
e com espanto meu,
cheguei à conclusão,
que essa menina
era eu...

Fiz um pacto com a solidão

Fiz um pacto com a solidão


Fiz um pacto
com a solidão,
companheira das minhas horas vazias
em que contemplo o mar
e em cada madrugada
sorvo o orvalho da Natureza
ainda adormecida,
que o sol devagarinho
vai acordando
e sussurrando:
- Olha como é bela a vida!...
Fiz um pacto com a solidão
companheira amiga,
que me deixa meditar,
ouvir a voz do silêncio
e acima de tudo
a voz do coração...

Natal é

Natal é


Natal é amor,
é o brilho nos olhos da criança,
fraternidade,
solidariedade
e lágrimas
a derramar saudade...
Natal é ilusão
deslumbramento,
solidão
e sofrimento...
São luzes a brilhar,
a lareira a crepitar
e o calor humano
dum braseiro
que parece aquecer
o mundo inteiro...
É o brinquedo,
que encanta o mais pequenino
mas, sobretudo,
és tu Jesus
que voltas a nascer
e a ser Menino!

O meu percurso

O meu percurso


Olho para trás
e vejo um grande percurso
percorrido...
vejo amores,
desamores,
ilusões
desilusões,
cardos espinhosos
beijos carinhosos
afetos enormes de gratidão,
pedaços de ingratidão,
lágrimas vertidas
de dores contidas,
sorrisos abertos
brotando alegrias
de horas felizes
meses e dias...
Foi grande o caminho
por mim caminhado,
mas nem me dei conta
de o ter palmilhado,
porque, de mãos dadas,
o amor, a amizade,
a solidariedade,
caminharam sempre
comigo a meu lado...

sábado, 4 de julho de 2015

Exemplo de mãe

Exemplo de mãe


Era uma vez uma mãe,
cheia de qualidades de trabalho,
que trago no coração
e por acaso herdei sem querer essa lição!
Mas, grande defeito,
não podia ver as filhas sem um trabalhinho na mão!
e nós adolescentes, fartas de estudar,
queríamos nas férias brincar!
uma das minhas irmãs, muito dada às letras,
nos bordados era uma aberração.
a mãe deu-lhe um naperon com moranguinhos,
para ela bordar.
ainda estou a vê-la, com um livro 
debaixo de uma carpete de trapos do tear
e quando a mãe pressentia
e a porta abria,
ela a fingir trabalhar!
passados tantos, tantos anos,
ao abrir na minha casa
uma gaveta velhinha a estilhaçar,
que alegria deus meu,
ao encontrar os tais moranguinhos
por acabar!

Viver com fé o cancro

Viver com fé o cancro


A morte espreita-me dia a dia,
pé ante pé, devagarinho,
para não me assustar,
para não me acordar!
mas Jesus, com um sorriso,
de criança brincalhona,
parece dizer-me:
- olha que ainda é cedo para a partida,
vive com fé e muito amor a tua vida!
mas quando a morte chegar, 
sem espreitar, sem avisar,
eu não me vou assustar,
porque a vida deu-me muito, 
deixou-me fazer tanto de bom
e todo o tempo do mundo,
para me preparar!