Através das árvores

 Através das árvores

Sinto-me feliz

ao olhar estas árvores

frondosas,

cheias de felicidade,

a sorrir,

porque o fogo

ainda não chegou

para as destruir!...

Quando a brisa chega,

os seus gestos

são como agradecimentos,

porque os seus verdes,

alguns já matizados

de outono,

ainda enchem

de esperança

os visitantes deste parque

e nos deixam fazer

aquela introspeção

que nos mostra

como é bom viver!... 

À minha Beira de Riba-Côa

À minha Beira de Riba-Côa

Minha Beira,

minha amiga!

Se eu fosse artista,

Pintava-te numa tela,

mas tanta, tanta beleza

nunca caberia nela!

Minha Beira,

minha amiga!

Toda bordada a granito,

com matiz de castanheiros,

ficas tão linda, tão linda,

que não precisas mais nada

para ficares enfeitada!

Minha Beira,

minha amiga!

Beijam-te a urze e a giesta,

por terem tantos ciúmes,

beijam-te a neve

e aquele frio que cresta!

Minha Beira,

minha amiga!

Onde cresce o rosmaninho,

entre fragas e na montanha altaneira,

lembro-te só com carinho,

Minha Beira,

minha amiga!

Para ti, emigrante

 Para ti, emigrante

Levavas nos olhos a esperança,
a desfazer-se em lágrimas de saudade,
da terra que deixaste,
em busca da felicidade
e da prosperidade!
Tanta labuta!
Tanto suor com sabor a fel,
para que os teus filhos mais tarde,
saboreassem a vida,
já com sabor a mel!
E quando regressas à tua casa,
que construíste na tua terra,
é que começas a viver,
depois de uma luta constante,
em que o grande herói,
foste tu, Emigrante!

Viver de novo

 Viver de novo

Voltei a este parque,

onde as árvores

me sorriem

ao olhar para elas

vendo o meu encantamento

por achá-las ainda mais belas!

A sensação de paz,

não consigo descrever,

mas talvez sinta

que, depois de tempos doridos,

comecei de novo a viver!...

Nas asas da saudade

 Nas asas da saudade

É o mês de agosto

e o meu pensamento

vai, em asas de saudade,

até à minha aldeia

onde nasci, cresci 

e passei a mocidade...

Ver tanto emigrante

que eu conheci

e, em tempos,

alguns ainda reconheci!

Vi neles a alegria

de voltarem a saborear

as iguarias da sua terra,

de mergulharem nas águas frias do Côa 

e abraçarem

toda aquela gente boa

que se orgulha

dos seus filhos,

que voltam

para matar a saudade,

com tanta felicidade!...

Ai como é bom ser da Beira

 Ai como é bom ser da Beira

Ai como é bom ser da Beira!
Das serranias agrestes,
Que mais não têm p'ra dar
Que uma soberba grandeza
Com tanta tanta beleza
P'ra quem souber contemplar!
Ai como é bom ser da Beira!
Onde a porta não se fecha
Entre quem é, pode entrar
E há sempre em cima da mesa
Pão, queijo e vinho p'ra dar...
Ai como é bom ser da Beira!
E numa noite de luar
Com frio de regelar
Ouvir cantar as Janeiras
Com vozes simples, bem simples
Das gentes das nossas Beiras!
Ai como é bom ser da Beira!
E ouvir ao entardecer
O toque lento das Trindades
Que nos faz entristecer
Lembrando os que já partiram
Com tantas tantas saudades...
Ai como é bom ser da Beira!
E tenho quase a certeza
Se o Menino Jesus voltar a nascer
É decerto a nossa Beira
Que ele irá escolher!

Esperança

Esperança

Sinto-me a navegar

num mar revolto,

sem saber já

o norte ou o sul,

para poder fugir

e um mar calmo encontrar...

Mas, não perco a esperança

esta palavra tão bela,

que nos dá força

e tudo resolvemos

com pujança!

Será divina?

Com a minha fé,

penso que sim

pois, com tanta fragilidade,

sozinha, não conseguia

vencer tanta dificuldade1...