domingo, 16 de outubro de 2016

Também fui palhaço

Também fui palhaço


Quando criança
adorava os palhaços,
ouvir aquelas gargalhadas,
o som forte das bofetadas,
que me transmitiam alegria
e me faziam viver,
por momentos,
no mundo da fantasia!
Mas, já crescida,
como fiquei desiludida,
quando soube,
que aquela gargalhada
não passava,
muitas vezes,
duma lágrima disfarçada...
E agora, com a minha vida
quase vivida
e matizada de cansaço,
eu percebo
como tanta vez,
transformei a lágrima
num sorriso
e também eu
fazia de palhaço!

domingo, 2 de outubro de 2016

Vidas paralelas

Vidas paralelas


Tenho vidas paralelas,
uma feita de utopias
onde sou artista, bailarina,
humorista
e vivo as mais diversas fantasias!
Vou à lua, às estrelas,
subo montanhas
a tocar o céu e sinto tanta felicidade
porque transformo a ficção em realidade...
Na outra vida,
surgem as dificuldades,
os espinhos
a que não posso fugir,
que me picam a alma
com a ingratidão,
a hipocrisia
e uma infinidade de maldades!
Mas, a ofuscar esta realidade
surge o amor, a amizade
num jardim cheio de flores,
onde posso descansar
e esquecer por momentos
este mundo conturbado,
onde existe ainda,
se eu quiser, um pequeno espaço
para amar!

Chegou o outono

Chegou o outono


Paira no ar
um cheiro a mosto
e terra molhada,
a natureza veste-se
de mil cores,
amarelos, verdes,
vermelhos acastanhados
e pelo chão
mil folhas mortas a rebolar,
fazendo nascer nos artistas
e nos poetas
mais inspirados
obras de encantar...
Cai a noite mais cedo,
é mais suave o luar
e mais cheio de magia,
e cai em mim
aquela nostalgia,
que me leva a sonhar
e a poetar!

sábado, 1 de outubro de 2016

Pressinto o fim

Pressinto o fim


Pressinto o fim
em cada dia que passa,
que vou matando
com a força,
que emana do sonho,
que vou alimentando!...
Pressinto o fim no por do sol,
no anoitecer,
em cada amigo
que vejo desaparecer...
Mas, ao chegar a madrugada,
ao despontar o dia,
naquele fiozinho de luz,
que entra por uma fresta,
pressinto o renascer
e corro pressurosa
a agarrar com força,
a vida que ainda me resta!

Desilusão

Desilusão


Foi como se um abismo
se abrisse
e eu ficasse sepultada
por dor,
por desalento,
sem me sentir culpada
um só momento...
Foi o desmoronar
de um edifício,
que eu pensava
ser feito de amizade
e tudo de bom,
que alberga um coração...
Mas, nos destroços
desse edifício,
procurei, procurei
e apenas encontrei
pedaços de ingratidão!...

Ser poeta

Ser poeta


Poeta é sofrimento, 
é sentir o que dói a duplicar,
é transformar o invisível
em realidade,
é deitar cá para fora
tudo o que vai cá dentro...
Poeta é o sonho, que nos vai na alma,
que floresce, 
ora em rosas perfumadas,
ora em almas doridas
e magoadas...
Mas, poeta, é sobretudo
ter o dom de transmitir
o que no momento
sabemos sentir!...