sexta-feira, 27 de abril de 2012

É dia da mãe


Era o dia da mãe,
O último dia,
Que visitei a minha aldeia.
Pairava no ar,
Um silêncio mórbido sem fim
E as ruas desertas
Transbordavam tristeza,
Que logo se apoderou de mim!
Fui colocar as flores,
Carregadas de beijos,
Na sepultura da minha mãe.
E o silêncio mórbido aumentou
Naquele cemitério,
Que mais parecia um jardim.
E aí, só a saudade,
Salpicada de lágrimas,
Se apoderou de mim!

Uma tarde calma de Outono à beira-mar


Nesta tarde calma,
De Outono à beira-mar,
Beija-me o sol já moribundo,
Quase a expirar,
E abraça-me a brisa leve com ternura
E sinto nesta tarde, tão breve
De pouca dura,
A felicidade toda que há no mundo!
Ai se fosse possível,
Sentir mais vezes,
Mesmo que ligeira
Esta sensação
De bem estar
E tanta paz,
Eu pediria a Deus,
Com todo o meu fervor,
Que fosse Outono sempre,
A vida inteira!

domingo, 22 de abril de 2012

Os meus setenta anos


Setenta anos!
De alegrias,
Desilusões,
Desenganos!
Que vou pintar numa tela,
De cores variadas,
Bem matizadas,
P'ra me poder rever nela!
Vou pintar de rosa o amor,
Numa bela flor!
Um prado verde de esperança,
Traduzida num sorriso de criança!
De negro, as desilusões
Ofuscadas por um jardim colorido de amizade
E tantos, tantos momentos de felicidade!
De cinzento o céu,
Onde, se for verdade,
Estão os que me amaram,
E recordo com saudade!
Mas nessa tela,
Nessa amálgama de cores,
Difícil de definir,
Quero que sobressaia ainda,
A vontade que tenho de viver,
Amar e sorrir!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A minha homenagem

Aos 70 anos, já uma senhora idosa, uma sénior, como são rotuladas as pessoas menos jovens, fui surpreendida com uma homenagem, organizada por um grupo de alunos quase todos com filhos e alguns com netos. Houve missa, uma exposição dos meus "borrões" e para culminar, surpresa das surpresas, uma rua com o meu nome!
Não queria acreditar, pois guardaram segredo até ao fim.
Seguiu-se um almoço, onde pude reviver rostos de alunos(as) já homens e mulheres com netos, que já não conhecia.
Foi alegria, emoção e lágrimas, muitas lágrimas!






Ai como é bom ser da Beira

Ai como é bom ser da Beira



Ai como é bom ser da Beira!
Das serranias agrestes,
Que mais não têm p'ra dar
Que uma soberba grandeza
Com tanta tanta beleza
P'ra quem souber contemplar!
Ai como é bom ser da Beira!
Onde a porta não se fecha
Entre quem é, pode entrar
E há sempre em cima da mesa
Pão, queijo e vinho p'ra dar...
Ai como é bom ser da Beira!
E numa noite de luar
Com frio de regelar
Ouvir cantar as Janeiras
Com vozes simples, bem simples
Das gentes das nossas Beiras!
Ai como é bom ser da Beira!
E ouvir ao entardecer
O toque lento das Trindades
Que nos faz entristecer
Lembrando os que já partiram
Com tantas tantas saudades...
Ai como é bom ser da Beira!
E tenho quase a certeza
Se o Menino Jesus voltar a nascer
É decerto a nossa Beira
Que ele irá escolher!