Quando o vento é companhia

 Quando o vento é companhia

Nunca gostei do vento

e, hoje,

sinto-me confortável,

ouvindo o seu uivo,

como um lamento,

que me consola o coração

e me acompanha

nesta solidão...

Já lhe pedi desculpa,

por tanto insulto,

por me estragar o penteado...

E, afinal, hoje

é um bálsamo,

que ameniza o estado 

em que a minha alma

se encontra,

ávida de companhia

e de um sorriso iluminado!...

O presente ansiado

O presente ansiado

Fazes mais um aninho,

meu amor,

rodeado dos que te amam,

abraçam e beijam,

com tanto carinho!

Apesar da pandemia

te condenar à prisão,

não te afetou...

A tua paciência

e tanta resiliência,

é que a afastou!

Mas tiveste um prémio,

uma compensação,

que fez vibrar de alegria

o teu coração...

O teu Sporting,

ao fim de dezanove anos,

foi Campeão!!!

O valor do amor

O valor do amor

É tão linda a vida

e poucos de nós

dá valor,

áquilo que ela nos dá!

O mar, o sol, as flores

e, sobretudo, o amor...

E é esse amor que recebemos,

ou que oferecemos,

que nos mantem

agarrados a ela...

E tudo fazemos,

para que não nos deixe

e podermos contemplar

todas as maravilhas,

mesmo através da janela!... 

O humor é uma constante da vida

O humor é uma constante da vida

Ai, estes oitenta anos,

em que me chamaram

menina

e me fizeram sorrir!

Talvez por engano,

ou por ser pequenina

e pouco enrugada!

Não fiquei convencida,

mas agradecida à vida

que me deixou

enganar o jovem,

com a minha saia rodada,

que irei vestir eternamente,

mesmo só em imaginação,

e vou pedir

que me seja vestida

quando, para sempre,

e ainda menina

eu partir!...

(O humor não morre aos oitenta!)

A idade é um privilégio

A idade é um privilégio

É um privilégio

a minha velhice,

que me deixa

ter passado,

ter tanta lembrança!

Voltar à meninice

e ser criança!

Posso reviver o filme

da minha vida,

recordar histórias alegres

e outras, que me fizeram sofrer,

mas que a idade

não fez esquecer

e ainda me permite

tanto poema escrever!...

Saudades da liberdade

 Saudades da liberdade

Este confinamento,

esta prisão,

fez nascer em mim

a inveja

dos pombos, dos pardais

e muito mais...

Queria a sua liberdade,

por poderem voar

vendo a beleza

de toda a natureza!

Tenho medo do lobo mau,

apetece-me chorar,

porque sei que ele

pode matar...

Mas, apesar de tudo,

agradeço a Deus

todo o conforto,

todo o amor dos meus

e tanta sorte

de poder comer

e não ter fome!...

Um novo renascer

 Um novo renascer

Neste imenso parque,

onde posso, sem máscara,

inspirar o ar fresco

destas árvores frondosas

e banhar-me de sol com alegria,

sinto o renascer,

depois desta medonha pandemia...

O silêncio incomoda-me

e qualquer ventinho,

faz-me ver as folhas caídas

e sinto medo,

pensando num ladrão,

que pode aparecer devagarinho...

Fogem de mim,

os melros e pintassilgos,

que dantes me procuravam,

com carinho,

esperando sempre

encontrar um miolinho!

Neste deserto pintado de verde,

só os malmequeres pequeninos,

brancos e amarelos,

são o oásis que todos desejamos

e nos dão a alegria que tanto esperamos!...