segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Uma carta - Querido pai

Uma carta - Querido pai


Lembrei-me hoje de conversar contigo,
de recordar aquele teu jeito de dar,
sem nada esperar,
aquele teu humor inteligente
que fazia rir tanta gente!
Quando o pobre de ti se abeirava,
não sabias dizer não...
para ti, ele era apenas um irmão!
Alguns, ainda te recordam
e falam de ti com emoção,
sinal que, para eles,
continuas vivo no seu coração!
A terra que tanto amaste
e tudo fizeste para ajudar,
depressa te esqueceu
e nada fez para te recordar!
Mas, não tenhas pena de não ter merecido qualquer glória,
pois em tua honra erigi uma estátua,
que continua viva na minha memória!
Tinhas defeitos, como todos os mortais,
mas eu esqueci-os
e recordo apenas aqueles carinhosos beijos,
que não esquecerei jamais!
E Deus, que é infinita bondade,
decerto, soube perdoar-te
e talvez, um dia, lá no céu,
ainda me deixe abraçar-te!!

domingo, 7 de agosto de 2016

Dia de festa

Dia de festa

Aos meus alunos amigos


Nunca tive grande ambição,
pouco exigi da vida
além de saúde, paz e alegria
e, porque não dizer,
de amor repleto o coração!
E acabei por ter, sem ter pedido e merecido,
dos meus alunos amigos
esse amor e a maior prova de gratidão!
Tanta vez errei,
tanta vez castiguei e não fui a melhor nesses momentos,
mas, o que eu mais queria,
era ministrar-vos ensinamentos!
Mas, posso garantir-vos que tinha por vós
o amor de mãe,
que tão depressa castiga
como dá beijos também!
E neste dia tão feliz,
que não posso descrever,
porque me assalta a emoção,
quero apenas agradecer e do fundo do coração,
 pedir o vosso perdão!...
Neste mundo conturbado,
onde se casam o ódio e a guerra
e se desprezam os melhores valores que há na terra,
eu agradeço esta festa maravilhosa,
quando a vida me foge lentamente,
mas que o vosso gesto de carinho,
a irá prolongar, 
e irei ser jovem novamente!!




sábado, 6 de agosto de 2016

O Natal da minha infância

O Natal da minha infância


Tenho saudades
do Natal do meu tempo de criança,
do cheiro a musgo,
da neve regelada
e sobretudo do Menino Jesus,
em que eu acreditava!
Não havia Pai Natal,
nem brinquedos luxuosos,
não havia luzes a brilhar,
mas havia a lareira a crepitar
e fritos deliciosos!
Eu, até fui afortunada,
pois recebi sempre uma boneca,
que me deixava encantada...
Mas, nesse tempo, 
para alguns, o Deus Menino era pobrezinho
e deixava apenas uns tostões e uma laranja no seu sapatinho!
Mas a magia de acreditar,
que vinham do céu e tudo era verdade,
dava àqueles meninos,
a maior felicidade!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

À minha aldeia (Vale de Espinho)

À minha aldeia (Vale de Espinho)


Minha velha aldeia, como estás diferente!
As tuas casinhas, outrora de pedra escura,
São hoje quase palácios de cores berrantes,
que alegram os olhos dos teus visitantes
e são o orgulho dos teus emigrantes!
Minha velha aldeia, como estás diferente!
Pelas tuas calçadas, quelhinhas, vielas,
passa pouca gente
e ecoam saudades dos que já partiram
e tantas, tantas vezes palmilharam nelas!...
Minha velha aldeia, como estás diferente!
Conservas ainda o teu lindo Coa, tua boa gente
e o teu campanário,
com o mesmo sino a repicar contente,
em dias de festa
e com som dolente de arrepiar,
quando alguém, para sempre
nos vai deixar!
Minha velha aldeia, como estás diferente!
Mais vistosa, mais enriquecida,
mas deixa-me lembrar-te ainda
como antigamente!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O professor é um escultor

O professor é um escultor


Já pensaste, professor,
que, se quiseres,
podes ser o mais exímio escultor?
Podes modelar,
podes esculpir,
modificar,
aperfeiçoar,
apenas com o teu saber,
o teu querer,
e aquela forma de amar!
Oxalá, ao olhares com orgulho
a tua obra,
possas dizer:
-obrigada, Senhor,
por me teres dado a oportunidade
e a vontade ,
para que eu pudesse ser 
aquele escultor,
a quem todos chamam professor!


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Retorno à minha aldeia

Retorno à minha aldeia


Quando te visitei,
banhava-te ainda o sol morno de outono,
que tornava mais alegres as tuas casas,
outrora negras e agora coloridas,
onde nasceram e viveram,
tantas, tantas vidas!...
Percorri todas as calçadas
e elas sorriram para mim,
e, por voltar a pisá-las,
todas mostraram sentir
uma alegria sem fim...
Ali, era o forno do Rossio,
mais além, o do Senhor,
donde saía o centeio quente,
que era o sustento da tua boa gente!...
Vi casas lindas, de côr,
na Barreira, dantes pobrezinha,
e que alegria Deus meu,
quando olhei e vi a mesma "Fontaínha"!
A escola, onde o primeiro exame fiz, 
já não existe,
mas sai ainda fresquinha a água que eu bebia,
no vetusto chafariz!...
Transportou-me à minha infância,
o toque das Trindades, que alegre recordei!
E logo ali recolhida e deveras comovida,
a Avé Maria rezei...
Para a minha terra também eu sorri
e abracei-a com ternura
e, nesse abraço,
vai a minha gratidão,
por me ter dado a alegria de tanta recordação!!
É esse Vale de Espinho, 
onde estão os que me amaram,
a minha infância e a minha mocidade,
que recordo com amor e a mais profunda saudade!...
 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Galinha de campo, não quer capoeira

Galinha de campo, não quer capoeira


Vou todos os dias,
ao solar do parque, muito cedo,
com um cheirinho a madrugada
e a relva verde orvalhada,
e sorvo aquele ar puro das árvores,
qual elixir,
que alivia qualquer alma sofrida ou magoada!
A sinfonia dos melros e rouxinóis,
transmite-me aquela paz,
que todos desejamos
e julgo que só no céu
a encontramos!
Obrigada, solar do parque,
que me deixas ouvir a voz do silêncio,
ler com sofreguidão
e não sentir a solidão.
Como nasci e cresci,
numa casa rodeada de árvores,
flores e muita verdura,
lá na minha Beira,
eis a razão,
porque galinha de campo não quer capoeira!