quinta-feira, 21 de julho de 2016

Para ti, avozinha

Para ti, avozinha


Quando vejo as tuas mãos já deformadas,
por tanto sofrimento e tanta dor, 
eu penso que já acalentaram,
teus filhos pequeninos com amor!
Quando vejo o teu cabelo cor de neve,
como um lençol de linho de noivar,
eu penso que já foi negro, negro,
capaz de alguns olhos encantar!
Quando vejo os teus olhos tão profundos
e pouco brilho já no teu olhar,
eu penso que já foram lindos, lindos,
pretos, azuis ou verdes cor do mar!
Quando vejo nos teus lábios um sorriso,
mesmo com um laivo de tristeza,
eu penso que o teu rosto não é velho
e tem ainda montes de beleza!

sexta-feira, 29 de abril de 2016

O sino da minha aldeia

O sino da minha aldeia


Ai o sino da minha aldeia,
como é doce o seu tocar,
quando à hora das Trindades,
nos convida a meditar e a rezar!
Ai o sino da minha aldeia,
como toca tristemente
e cada badalada,
é uma lágrima de pesar,
que cai lenta, lentamente,
quando um filho seu,
vai a enterrar!
Ai o sino da minha aldeia,
que por mim também irá dobrar,
que sejam as suas badaladas,
as saudades,
com que a minha terra
ainda me irá recordar!

A caminho da minha aldeia na primavera

A caminho da minha aldeia na primavera


Era um mar de giestas amarelas,
a perder de vista,
que encantava e inspirava qualquer artista,
apeteceu-me apanhá-las num braçado,
beijá-las 
e correr por todo o lado, 
para que o  mundo inteiro,
pudesse contemplá-las!
Ai se eu pudesse mergulhar nesse mar de fantasia,
sorver aquele ar puro da serra,
a fazer inveja à maresia, 
e agradecer ao criador,
por ser aquele o caminho encantador,
que me levava à minha terra!

domingo, 17 de abril de 2016

A saudade

A saudade


Fui despedir-me de ti,
na tua última viagem
e nos beijos na tua fronte gelada,
depositei todo o meu amor,
todo o meu perdão
e todas as desculpas,
por aquilo que não te dei...
estás à minha espera
e mais dia menos dia 
iremos outra vez,
puxar os cabelos,
dar uma dentada cheia de pujança,
como fazíamos em criança!
logo a seguir,
estávamos prontas,
para dar a vida uma pela outra
e sem pudor
mostrar todo o nosso amor...
acabou-se o sofrimento
e lá onde estiveres já em paz,
olhando para os filhos e netos,
que tanto amaste,
estás a usufruir toda a felicidade,
que mereceste,
porque tu, Tete
não morreste.

Vai chegar a primavera

Vai chegar a primavera


Já oiço o chilrear dos passarinhos,
vejo os malmequeres a despontar
e o sol envergonhado,
a querer brilhar!
será que vens aí,
primavera desejada?
será que vamos sair deste coma,
desta invernia regelada?
penso que o calor morninho voltará,
envolto em flores,
em perfumes,
que só tu tens para nos dar
e fazer ressuscitar!

Ao meu amor

Ao meu amor


Vivo num mundo confuso,
qual puzzle difícil,
onde não me consigo encaixar,
verdadeiro labirinto,
onde por mais que tente,
a saída não consigo encontrar...
vejo garras criminosas,
em vez de mãos carinhosas,
vejo espinhos em vez de rosas
e, em cada esquina,
há um monstro que nos quer engolir,
disfarçado de anjo a sorrir...
mas, quando vejo o olhar bondoso do meu amor,
vejo esse mundo confuso,
transformar-se no mais maravilhoso!
e esse puzzle, onde eu não tinha lugar,
é o mesmo onde eu agora me consigo encaixar!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Sou eu

Sou eu


Perguntam-me o que escrevo
e eu respondo:
- escrevo-me a mim,
escrevo o que sinto,
onde vou...
e o que sinto é o que existo
e o que sou...
escrevo-me nas palavras mais horríveis,
guerra, injustiça, ingratidão, inveja...
e nas palavras mais belas,
amor, amizade, justiça, verdade, céu...
transformo-me em palavras,
mas sou apenas eu...